terça-feira, 16 de agosto de 2011

O curta-metragem "Ribeirinhos do Asfalto" volta a Belém com dois prêmios concedidos no festival de Gramado


A 39ª edição do Festival de Cinema de Gramado se encerrou na noite do último sábado, 13, depois de 10 dias de exibições e mostra competitivas na Serra Gaúcha. Para os paraenses, esta edição trouxe a certeza que o cinema produzido no Pará está, mais do que nunca, no caminho certo.

O curta-metragem paraense "Ribeirinhos do asfalto", direção de Jorane Castro, único da região Norte na competição, volta a Belém com dois prêmios na bagagem: o Kikito do Júri Oficial de Melhor Atriz para Dira Paes, e o Prêmio Cidade de Gramado de Melhor Direção de Arte, que no curta foi coordenada pelo cenógrafo Ruy Santa Helena.

Dira não estava presente à solenidade de encerramento e foi representada pela diretora Jorane Castro. É importante saber que a paraense Dira é considerada a musa do cinema independente brasileiro, onde já fez inúmeros longas-metragens. Ela nunca havia feito um curta, e o primeiro foi com Fernando Segtowick, no papel de Walkíria, em "Matinta". Pelo desempenho, Dira ganhou o Candango de Melhor Atriz no Festival de Cinema de Brasília, no final do ano passado. O segundo curta foi "Ribeirinhos do asfalto", pelo qual foi a Melhor Atriz em Gramado.

A Direção de Arte de "Ribeirinhos..." foi assinada por Ruy Santa Helena, que teve a mesma função em "Matinta". Ruy já havia trabalhado com Jorane no curta "Mulheres choradeiras". O cenógrafo é conhecido pela forma como ele se "intrega" aos ambientes que vai criar. Em "Matinta", por exemplo, Ruy passou vários dias morando na casa de ribeirinhos de uma ilha em Mosqueiro, onde cenas do curta foram filmadas.

No set de "Ribeirinhos...", era comum ver Ruy carregando vasos de orquídeas que a personagem Rosa (Dira Paes) cultivava, além de cachos de pupunha e açaí. Em uma casa em Marituba, ele recriou uma cozinha típica da região.

Os melhores do júri contemplam diversos gêneros de cinema

E chegou ao fim a 39ª edição do Festival de Gramado. Para o cinema paraense, a grande notícia foi a premiação do curta-metragem "Ribeirinhos do asfalto", direção de Jorane Castro, que ganhou dois prêmios: Melhor Atriz, do Júri Oficial que concede o Kikito, para Dira Paes, e Melhor Direção de Arte no prêmio Cidade de Gramado.

O resultado final foi justo e equilibrado. Filmes como "Riscado" e "Uma longa viagem", além do curta mais premiado da noite, "Um outro ensaio", representaram bem a qualidade atual do cinema nacional. É claro que algumas reflexões podem ser tiradas do Festival de Gramado. Primeiro, a qualidade dos curtas-metragens foi bem abaixo do esperado. Um pouco mais de 100 curtas foram inscritos, 16 selecionados e apenas quatro realmente merecem destaque. Segundo, o cinema autoral existe e pode/deve se comunicar com o grande público. "Riscado" e "Uma longa viagem", um filme de ficção e outro de documentário, refletem inteligência e respeito ao espectador, com narrativas interessantes. Dessa forma, fica claro que o cinema nacional não precisa ter sempre as mesmas bobagens que vemos hoje, numa caça desesperada ao sucesso sem nenhum conteúdo.

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